
‘Gen V’ e Outras 9 Séries Brutais de Super-Heróis para Adultos

Beatriz Coutinho
Produções de super-heróis que trazem personagens carismáticos, grandes batalhas e discursos inspiradores conquistaram um grande espaço na cultura pop ao longo dos últimos anos, o que é ótimo, mas se você prefere ver essa temática por um ponto de vista menos família, está com sorte. Atualmente, não faltam séries que mergulham no lado mais sombrio do gênero, trazendo heróis falhos, violência explícita e discussões sobre temas pesados, como poder, corrupção e desigualdade social.
Uma delas é Gen V, derivado de The Boys que estreou em 2023 e mostrou que, assim como sua “obra-mãe”, não tem medo de chocar e abraçar a brutalidade, mesmo com seu toque adolescente. Ácida e banhada em sangue, a 2ª temporada de Gen V estreou em 17 de setembro de 2025 e vale lembrar que sua trama será importante para a 5ª e última temporada de The Boys.
Prepare-se para muita violência e descubra nesta lista da JustWatch tudo sobre Gen V e outras nove séries brutais de super-heróis para adultos e em quais serviços de streaming assistir a todas essas produções.
10. Luke Cage (2016-2018)
Perfeita para quem curtiu Falcão e o Soldado Invernal, Luke Cage é uma série extremamente subestimada, que mergulha na história de um homem que ganha super-força e uma pele indestrutível após a sabotagem de um experimento. Diferente de produções que se apoiam na grandiosidade dos superpoderes, esta série traz um tom mais intimista, quase como um drama urbano que mistura diferentes elementos da cultura negra, como jazz, blues e hip-hop, com discussões sobre raça e política que engrandecem a história.
Mas não se engane, apesar do tom mais contido, a série também sabe ser brutal, seja em confrontos físicos ou na forma direta como expõe violência, corrupção e desigualdades no icônico bairro Harlem. Mike Colter entrega um Luke Cage carismático e humano, que carrega nos ombros o peso de ter que enfrentar seu passado e de ser um símbolo entre os seus. Além disso, a produção conta com outras atuações memoráveis, como a de Mahershala Ali como Cottonmouth.
9. Jessica Jones (2015-2019)
Uma das produções mais sombrias do universo da Marvel, Jessica Jones, assim como Luke Cage, também foge do glamour típico dos heróis, mergulhando ainda mais fundo em dores internas. A série mostra como ela precisa lidar com traumas pessoais, abuso e manipulação mental, tudo mostrado de um jeito cru e brutal. Capaz de impressionar qualquer um, a atriz Krysten Ritter dá vida à uma protagonista cínica, falha e incrivelmente humana, que bebe para lidar com a dor, mas nunca perde sua força.
Enquanto mostra como Jones tenta reconstruir sua carreira como detetive particular em sua própria agência de investigação, o que lembra o tom misterioso de Veronica Mars, a série não poupa o público de cenas duras, tanto de violência física quanto emocional, principalmente na relação tensa da personagem com o vilão Kilgrave, interpretado de forma genial por David Tennant. Em Jessica Jones, a brutalidade vai além de apenas socos ou perseguições, aparecendo também como abuso psicológico, retratado de maneira intensa e impactante.
8. Watchmen (2019)
Se Jessica Jones traz brutalidade em um nível pessoal falando sobre abuso psicológico, Watchmen amplia o tema de forma coletiva. A série não ficou famosa apenas pela violência física explícita, mas também pela coragem de seu roteiro em enfrentar feridas históricas profundas, geralmente esquecidas propositalmente por pessoas preconceituosas. A produção se passa em Tulsa, Oklahoma, anos após os eventos da HQ original, onde uma seita inspirada no diário de Rorschach persegue minorias raciais — o grupo é alvo da detetive Angela Abar (Regina King), que precisa se proteger para investigá-los.
Misturando ação intensa com cenas de violência visceral, diálogos provocativos e uma trama repleta de reviravoltas, a série ressalta desde o primeiro episódio, uma recriação do Massacre de Tulsa, que não é apenas mais uma adaptação de quadrinhos, mas uma reflexão dolorosa e importante sobre racismo, poder e vigilância. Ao mesmo tempo em que honra a obra de Alan Moore, Watchmen se reinventa como um thriller político brutal e atual — um prato cheio para quem curtiu a premissa de Lovecraft Country.
7. Demolidor (2015-2018)
Demolidor foi uma das primeiras séries a mostrar que histórias de super-heróis na TV podiam ser tão brutais e impactantes quanto qualquer produção para o cinema, abrindo o caminho para outras produções da lista. A jornada de Matt Murdock (Charlie Cox), que na infância sofreu um acidente que o deixou cego e o fez desenvolver sentidos extraordinários, mostra como ele se divide entre um advogado idealista e um vigilante mascarado, em meio a um grande peso emocional e físico, já que cada luta deixa marcas visíveis no protagonista. E claro, com uma perspectiva fundamentada e intimista como em Jessica Jones e Luke Cage, só que ainda mais pesada.
Aqui, a brutalidade está em cada detalhe: desde os combates corpo a corpo com coreografias de luta de tirar o fôlego até o dilema moral que consome o protagonista. Equilibrando ação, drama e outras atuações incríveis além da de Cox, como Vincent D’Onofrio como o Rei do Crime, Demolidor se tornou um marco da Marvel na TV e recentemente recebeu o revival/sequência Demolidor: Renascido, que mantém a intensidade e a ótima qualidade da adaptação de 2015.
6. O Justiceiro (2017-2019)
Se Demolidor abriu o caminho para heróis mais sombrios, O Justiceiro foi ainda mais fundo nesse abismo, abraçando a brutalidade como linguagem principal. A série mergulha de cabeça nesse tom profundo, sem hesitar em nenhum momento, com Jon Bernthal entregando uma de suas atuações mais marcantes como Frank Castle, um veterano de guerra marcado pela perda trágica de sua família, que encontra na violência uma forma distorcida de vingança e sobrevivência para lidar com o luto. Com um tom bem parecido com Demolidor, essa consegue ser ainda mais intensa por trazer um protagonista que não tem tantas restrições morais quanto Matt Murdock.
A série é brutal não apenas pela quantidade de sangue, tiros e torturas que aparecem ao longo dos episódios, mas também por mostrar os traumas e o vazio que ter participado de uma guerra podem deixar em alguém. Aqui você não encontrará heróis reluzentes ou discursos inspiradores, somente um homem em conflito constante, que faz justiça com as próprias mãos e destrói tudo em seu caminho. Se você gostou de Dexter, certamente deve dar uma chance para O Justiceiro, embora não dê para ter certeza de qual seria o resultado de um encontro entre esses dois.
5. Preacher (2016-2019)
Se além da violência de O Justiceiro, você também procura uma série que abrace o bizarro com muito sarcasmo, precisa assistir Preacher — uma produção que quem já viu, certamente se pergunta como algo tão insano e violento foi ao ar. Baseada em uma história em quadrinhos publicada pelo famoso selo Vertigo da DC, esta história mistura religião, humor ácido e pancadaria em doses cavalares ao revelar a trama de Jesse Custer (Dominic Cooper), um pastor atormentado que ganha um poder divino, tornando-se alvo de uma perseguição.
Ao lado da ex-namorada Tulip (Ruth Negga) e do vampiro irlandês Cassidy, Custer parte em uma jornada para, literalmente, encontrar Deus. O resultado é uma viagem sangrenta e surreal, cheia de tiroteios, explosões e cenas de violência que muitas vezes beiram o grotesco — mas sempre muito bem amarradas por uma narrativa cheia de sarcasmo e críticas afiadas. Além disso, Preacher é a série perfeita para quem foi vidrado por Lúcifer entre 2016 e 2021.
4. Invencível (2021-)
Assim como Preacher, Invencível não tem medo de chocar, mas faz isso de forma animada, o que só intensifica sua brutalidade, de forma bem parecida com The Boys. Perfeita para quem curtiu One Punch Man, uma ótima sátira sobre heróis, ou a sombria Spawn - O Soldado do Inferno, a série começa quase como uma paródia colorida do mundo dos super-heróis, acompanhando Mark Grayson (Steven Yeun), um adolescente comum que descobre ter herdado os superpoderes de seu pai, Omni-Man (J. K. Simmons), o maior super-herói da Terra.No entanto, quando o garoto treina pela primeira vez ao lado do pai, um banho de sangue revela que esta não é uma história para qualquer público, pois ao longo dos episódios, cabeças explodem, corpos são destroçados e o conceito do que é heróico ganha nuances profundamente perturbadoras. Além da violência brutal, Invencível se torna marcante também por abordar temas como família, legado e escolhas morais, mostrando que o choque entre pai e filho não é só físico, mas emocional, e que ser herói não é apenas sobre salvar vidas, mas, sim, sobre decidir que tipo de pessoa queremos ser.
3. Pacificador (2022-)
Uma das séries mais surpreendentes do universo da DC, Pacificador mistura duas coisas incompatíveis à primeira vista: violência grotesca e emoção, o que lembra bastante Invencível, mas aqui ganha um toque de redenção. A produção acompanha Christopher Smith (John Cena), reprisando seu papel em O Esquadrão Suicida, um herói que quer alcançar a paz, mesmo que tenha que matar muitos pelo caminho, e que vive tentando conciliar seu código distorcido de justiça com uma necessidade quase desesperada de ser aceito.
Criada por James Gunn, diretor de produções como Superman e Guardiões da Galáxia, a série não economiza no sangue, mortes exageradas e piadas absurdas, sempre entregando cenas brutais. E mesmo em meio a toda essa carnificina, ainda existe espaço para um olhar sobre traumas, paternidade tóxica e recomeços, tudo embalado por uma atuação magnífica de Cena. Ser tão absurda quanto reflexiva é o que torna Pacificador tão viciante, ideal para quem gostou de Arlequina, também da DC, ou de Barry, que não é sobre super-heróis, mas também entrega uma história diferente sobre redenção.
2. Gen V (2023-)
Do mesmo universo de The Boys, Gen V é brutal, divertida e irônica ao misturar a violência da série de Capitão Pátria e companhia com um tom adolescente que funciona muito bem. Na prestigiada universidade de Godolkin, diversos jovens são treinados para se tornar uma nova geração de heróis, e então a rotina de combates e aprimoramento de poderes se mistura com festas, encontros e um eterno clima propício para uma competitividade nada saudável entre alunos, o que contribui em grande parte para a brutalidade da série — lembrando Titãs e X-Men Evolution.
A violência gráfica, as disputas de poder e um mistério que envolve a administração da universidade rapidamente criam um clima sufocante, mas também fascinante de ser acompanhado. Além disso, Gen V ainda se mostra extremamente atual, abordando do “jeitinho The Boys”, ou seja, cruel e sangrento, temas como fama, redes sociais e amadurecimento adolescente. Profunda, a série não deixa a desejar em relação à sua “obra-mãe” e vai muito além de dramas juvenis, embora também entregue isso muito bem, além de contar com sequências de luta de tirar o fôlego e muitas aparições especiais. Apenas em sua segunda temporada, o derivado tem muito potencial para crescer no gênero.
The Boys (2019-)
Se existe uma série que não só redefiniu as histórias adultas sobre super-heróis, mas também mudou o olhar de muita gente sobre essa temática, esta série é The Boys. Extremamente violenta, sarcástica e politicamente afiada, a produção mostra um mundo em que os heróis não passam de celebridades corporativas, vaidosas e, na maior parte das vezes, cruéis, controladas pela gigantesca Vought, a empresa responsável pelo marketing e controle pessoal dessas pessoas superpoderosas que deveriam usar suas habilidades em prol da justiça.
É nesse contexto que surge o grupo “The Boys”, que busca desmascarar de forma impiedosa os falsos ídolos da sociedade. O que dá o tom sombrio e violento dessa história é o contraste entre a imagem pública perfeita e os bastidores podres de cada super-herói, enquanto o espectador é bombardeado de sangue, brutalidade e cenas perturbadoras regadas com um humor ácido irresistível. The Boys é pancadaria, mas também sabe ser uma crítica feroz ao poder, à fama e à corrupção ao mesmo tempo, sendo um ótima opção para quem curtiu Doom Patrol ou a bizarramente ótima Happy!.