Já sabemos que não é de hoje que o cinema brasileiro ‘exporta’ profissionais altamente qualificados para a indústria norte-americana. Além dos conhecidos atores que vêm atuando nos últimos anos nos Estados Unidos, como é o caso de Rodrigo Santoro, Wagner Moura e Alice Braga, grandes cineastas brasileiros também já deixaram suas marcas por lá. Caso de Fernando Meirelles, Walter Salles, José Padilha e por aí vai.
O talento dos nossos criadores, aliado à competência das estrelas hollywoodianas, já produziu as mais diversas obras cinematográficas, desde animações renomadas até dramas que concorreram ao Oscar. Neste guia da JustWatch, descubra um ranking com os melhores filmes de Hollywood realizados por diretores do Brasil, e saiba também onde assisti-los em streaming.
10. 12 Horas (2012) - Heitor Dhalia
12 Horas, protagonizado por Amanda Seyfried e dirigido por Heitor Dhalia (o mesmo de O Cheiro do Ralo), é um filme de mistério sobre desaparecimento/sequestro com um enredo que lembra Amnésia, justamente por focar sua história em uma personagem traumatizada que tenta encontrar sua irmã desaparecida de maneira independente.
Desta forma, Heitor Dhalia constrói um labirinto de pistas as quais a protagonista tem que decifrar o mais rápido possível, antes que seja tarde demais — o que aumenta ainda mais o ritmo alucinante e a tensão do longa. Se você tem interesse em assistir a um típico filme de suspense como Os Suspeitos, mas realizado por um cineasta brasileiro, essa é a oportunidade perfeita. 12 Horas não é uma obra que te apresentará algo novo, mas certamente te deixará envolvido com uma história que te coloca ao lado da protagonista para desvendar este mistério.
9. Presságios de um Crime (2015) - Afonso Poyart
Vamos para mais um suspense? Após o sucesso do filme de ação 2 Coelhos, Afonso Poyart recebeu o convite para dirigir um longa hollywoodiano sobre um serial killer, mas dessa vez invertendo o papel de Anthony Hopkins (famoso por ter vivido Hannibal Lecter), agora interpretando um investigador – que, na verdade, é um médico psíquico. Um longa com performances mais marcantes comparado com 12 Horas, não só de Hopkins, mas também de Colin Farrell, que interpreta o assassino em série que está sob investigação.
Acredite se quiser, mas Presságios de um Crime era para ser uma espécie de continuação do clássico Seven - Os Sete Crimes Capitais, mas o projeto inicial acabou caindo. Depois de anos engavetado, chegou às mãos do diretor brasileiro com uma abordagem e um estilo totalmente diferentes. Ao invés das cenas realistas e um estudo mais aguçado da psicologia dos personagens, é um filme muito mais estilizado, com um ritmo acelerado e um toque de elementos sobrenaturais.
8. Castelo de Areia (2017) - Fernando Coimbra
Quem disse que a Netflix não tem um filme norte-americano dirigido por um brasileiro? Castelo de Areia, realizado por Fernando Coimbra, é uma obra que foge do lugar-comum de filmes de guerra, justamente por se propor a fazer um relato autêntico, sensível e bastante complexo, de soldados responsáveis por uma missão reparadora em um sistema de distribuição de água após a invasão americana no Iraque.
Ao contrário de 12 Horas e Presságios de um Crime, é um filme que nos passa uma verdade muito grande através da sua história, não se contentando em ser apenas um objeto de entretenimento. Outra grande qualidade da obra, mora no fato do roteiro ter sido escrito por um ex-combatente, Chris Roessner, que utilizou os seus inúmeros traumas e experiências pessoais para a escrita do filme. Para quem gosta de dramas de guerra com histórias realistas e psicológicas, e não necessariamente focadas em batalhas, como Guerra ao Terror, por exemplo, Castelo de Areia não irá te decepcionar.
7. Rio (2011) - Carlos Saldanha
Uma produção norte-americana, mas diretor, personagens e ambiência cem por cento brasileiros. Este é Rio, realizado por Carlos Saldanha, um filme que mostra tanto o lado bom do do nosso país repleto de contrastes, como as belezas naturais e a música, quanto o lado ruim, como o contrabando de animais e a destruição da natureza. Tudo isso em uma animação que esbanja energia e brilho, ao acompanhar as aventuras de uma arara-azul (criada nos Estados Unidos), e que de repente vai parar no Rio de Janeiro para tentar acasalar.
Na minha visão, Rio não se situa entre as principais animações das últimas décadas, ao contrário de outro filme de Saldanha, A Era do Gelo — este sim, um marco do gênero. No entanto, não deixa de ser uma obra com uma energia contagiante e personagens hilários, além de contar com uma trilha sonora de tirar o chapéu. Não à toa, o filme recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Canção Original no ano em que estreou. Vale lembrar também, aos que já assistiram ao filme, ou àqueles que pretendem assistir em breve, que existe a continuação Rio 2, uma animação que mantém o espírito divertido da primeira obra.
6. RoboCop (2014) - José Padilha
De uma animação, saltamos agora para um remake de um dos maiores clássicos da ficção científica. José Padilha, conhecido no Brasil por ter dirigido Tropa de Elite e Tropa de Elite 2, iniciou a sua trajetória em Hollywood com um projeto gigantesco e surpreendente. Responsável pelo remake do clássico de Paul Verhoeven, o brasileiro modernizou um dos ciborgues mais conhecidos do cinema em RoboCop, que traz a história de um homem que é transformado em um policial robô (por uma empresa de segurança e tecnologia) após um grave acidente.
Ao contrário do longa dos anos oitenta, o filme de Padilha expõe a sua crítica social de maneira mais sutil, dando preferência às sequências de ação frenéticas e ao ambiente de suspense que percorre toda a obra. Merece a sexta posição do ranking, por ser um filme mais arrojado que os thrillers já comentados (12 Horas e Presságios de um Crime), além de trazer uma história ainda mais interessante e chamativa, comparado com Castelo de Areia. Um longa simplesmente imperdível não só aos amantes do primeiro RoboCop, como também para quem gosta de filmes como O Exterminador do Futuro.
5. Na Estrada (2012) - Walter Salles
Walter Salles (vencedor do Oscar com Ainda Estou Aqui) foi o (competente e sortudo) diretor escolhido para adaptar uma das maiores obras da literatura em língua inglesa, o livro On the Road, de Jack Kerouac. Na verdade, é mais uma prova de que os grandes feitos dos brasileiros nas terras norte-americanas não param tão cedo nessa lista.
Na adaptação de Salles, que tem Francis Ford Coppola como produtor executivo, presenciamos a viagem libertária de três jovens da Geração Beat que procuram as mais diversas experiências durante a década que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial. Para quem gosta de um intenso e apaixonante ‘road-movie’ como Coração Selvagem, Na Estrada é a receita perfeita. Um filme completamente diferente de RoboCop na sua temática, mas que também traz uma história e imagens bastante enérgicas. Além disso, também conta com personagens mais humanos, complexos e sensíveis comparado com o longa de Padilha.
4. Ironweed (1987) - Hector Barbenco
Já pensou se um diretor do Brasil dirigisse dois dos maiores nomes da história do cinema, Jack Nicholson e Meryl Streep, em um único filme? Saiba que isso já aconteceu em Ironweed, realizado pelo argentino-brasileiro, Hector Babenco. É claro que o drama de época recebeu duas indicações ao Oscar pela performance da icônica dupla. Convenhamos, não é para menos…
Assim como Na Estrada, também é um drama onde o estado dos personagens dialoga com a situação política e social do país. O filme narra a terrível vida de dois alcoólatras que se encontram em uma pequena cidade durante o período da Grande Depressão nos Estados Unidos, enquanto tentam lidar com os fantasmas do seus passados. É uma obra dura e chocante, elevada por uma química incomparável dessas duas lendas da sétima arte. Um filme que indico aos que não se importam em presenciar uma arrebatadora e trágica história, daquelas que te deixam mal por um tempo como Perdidos na Noite.
3. A Era do Gelo (2002) - Carlos Saldanha
Uma das maiores franquias de animação do século foi dirigida — em sua boa parte — por um brasileiro. Sim, Carlos Saldanha (o mesmo de Rio) assina a direção dos três primeiros longas de A Era do Gelo, que popularizaram os icônicos e divertidos personagens do período glacial. Sendo assim, é claro que o primeiro filme (que é o melhor de todos eles) teria que ter um lugar especial nessa lista.
Indicado ao Oscar de Melhor Animação, A Era do Gelo trouxe a história dos extintos animais que encontram uma criança humana e se aventuram na tentativa de devolvê-la ao seu povoado. Sem dúvida, é um dos maiores marcos da animação 3D, não só por conta do seu ambiente original, personagens engraçados e enredo emocionante, mas também pelo seu visual inovador, que abriu as portas para diversas animações (da produtora Blue Sky) que vieram a seguir, como o próprio Rio, e também O Touro Ferdinando — igualmente dirigido por Carlos Saldanha.
2. Dois Papas (2019) - Fernando Meirelles
Voltando ao cinema live action, chegamos aos dois principais filmes hollywoodianos dirigidos por brasileiros — sendo que ambos foram realizados pelo mesmo cineasta. Começando por Dois Papas, antes de partir o Papa Francisco ganhou uma bonita homenagem de Fernando Meirelles — aquele que considero um dos principais diretores da história do cinema brasileiro, muito em razão de Cidade de Deus. Indicado a três Oscars da Academia, Dois Papas gira em torno de diálogos (fictícios) de um encontro entre o Papa Bento XVI, que renunciou ao papado em 2013, e o Papa Francisco.
É uma obra que consegue abraçar as visões de mundo dicotômicas das duas figuras religiosas, de maneira empática e sensível, além de explorar suas crises e conflitos espirituais. O longa se situa em um momento onde a Igreja Católica vivia uma crise sem precedentes, e elucida bem o que representou a ascensão de Francisco, que deu início à uma mudança significativa na instituição. À semelhança de Ironweed, conta com uma dupla de protagonistas digna de admiração: Anthony Hopkins e Jonathan Pryce. Dois atores que entregam performances ainda mais marcantes, que elevam o filme de maneira substancial.
1. O Jardineiro Fiel (2005) - Fernando Meirelles
E por falar em Cidade de Deus, após o seu grandiosíssimo êxito mundial, não demorou muito tempo para que Meirelles ganhasse uma carreira internacional, começando por O Jardineiro Fiel. Um thriller político que conta a história de um diplomata britânico com uma inusitada paixão por jardinagem que, radicado no Quênia, investiga uma rede de corrupção que pode estar por trás da morte da sua esposa, uma ativista dos direitos humanos.
O longa foi o ‘debut’ do diretor brasileiro em Hollywood e teve uma recepção extremamente calorosa, recebendo uma indicação a mais que Dois Papas no Oscar (ou seja, no total, quatro). Além disso, para mim, é uma obra que não depende em demasia das performances dos atores para o seu sucesso, muito por conta da sua história instigante e o seu estilo visual mais realista — comparado com o filme mais recente de Meirelles. Como thriller político, na minha visão, está na mesma prateleira de longas como V de Vingança e Argo, o que faz com que ele lidere este ranking.
Onde assistir aos melhores filmes de Hollywood dirigidos por brasileiros em streaming?
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