São tempos de fartura para os fãs de ficção científica. Desde o início dos anos 2020 o gênero recebeu diversas boas novas histórias que abordam os mais variados subtemas, desde universos pós-apocalípticos até realidades paralelas, passando também por vida extraterrestre e distopias tecnológicas, oferecendo narrativas que vão além do entretenimento e trazendo questionamentos profundos sobre a sociedade e o futuro dela.
Só em 2025, lançamentos como a 2ª temporada de Ruptura e Andor, a 3ª temporada de Fundação e a estreia de Diários de Um Robô Assassino, já mostraram como o gênero segue firme e forte entre os mais queridos do público, indo desde ideias originais, até adaptações literárias e histórias que tragam mais contexto para narrativas cultuadas na cultura pop.
Neste guia da JustWatch você confere quais são as melhores séries de ficção científica dos últimos cinco anos e em quais plataformas de streaming assistir a elas.
O Eternauta (2025)
Baseada na icônica história em quadrinhos argentina criada por Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López, O Eternauta é uma série de ficção científica que foi aguardada com empolgação no início de 2025, e com razão. A trama começa com uma misteriosa nevasca cobrindo Buenos Aires, mas o que parece um fenômeno natural logo se revela como uma arma mortal de origem alienígena. Em meio ao caos, Juan Salvo (Ricardo Darín) e um grupo de sobreviventes tentam resistir à invasão, enquanto procuram entender o que realmente está acontecendo.
Mais do que uma simples história de sobrevivência, O Eternauta é uma poderosa metáfora sobre resistência, coletividade e esperança diante da opressão, que remete às dificuldades e traumas que a Ditadura Militar Argentina deixou no país sul-americano. A ambientação única da história e seu peso histórico fazem dela uma produção imperdível para quem gosta de acompanhar narrativas de ficção científica profundamente humanas, além de lembrar a série, The Last of Us.
O Problema dos 3 Corpos (2024)
Adaptação da trilogia de livros homônima do autor Cixin Liu, O Problema dos 3 Corpos traz como questão central uma temática clássica da ficção científica: vida extraterrestre. Nesta série, um grupo de diferentes profissionais obtém sucesso ao tentar se comunicar com possíveis formas de vida fora do planeta, mas eles não esperavam que quem responderia a esse chamado inocente seria uma civilização com objetivos que ameaçam a Terra de forma perigosa.
Combinando mistério, física e dilemas morais em uma escala épica, O Problema dos 3 Corpos trás uma série de questionamentos existenciais ao mostrar como um único ato muda o destino da Terra. Perfeita para quem gostou de produções como The Expanse, a série tem um ritmo um pouco lento, mas recompensa o público com ideias profundas e visuais impressionantes, indo além do entretenimento. Também vale a pena conferir a versão chinesa da série, Three Body, que contém mais episódios e acompanha os acontecimentos do primeiro livro da trilogia mais à risca.
Matéria Escura (2024)
Enquanto O Problema dos 3 Corpos traz um “e se?” relacionado a um planeta inteiro, a série Matéria Escura, baseada no famoso livro de mesmo nome escrito por Blake Crouch, mostra um “e se” focado em apenas uma pessoa, que mesmo sendo individual, traz consequências grandiosas. Ao longo dos episódios, conhecemos o astrofísico Jason Dessen (Joel Edgerton), que estuda matéria escura em seu emprego e vive uma boa vida ao lado de sua esposa e seu filho, até o momento em que é sequestrado por uma versão de si mesmo.
A série combina drama familiar e ficção científica ao brincar com a física e mostrar Jason visitando realidades paralelas à sua, nas quais ele verá muitas das vidas e experiências, boas e ruins, que poderia ter vivido… Mas em qual delas ele escolherá ficar? Se você foi um fã fervoroso de Dark entre 2017 e 2020 e sente falta de uma série que use ficção científica para abordar vários elementos desse tema de forma emocionante, acabamos de resolver esse problema. Trazendo a questão do multiverso como seu assunto central, Matéria Escura entrega uma história que impressiona e a 2ª temporada já foi confirmada.
Silo (2023)
Baseada na trilogia homônima escrita por Hugh Howey, Silo é uma série de ficção científica e drama que oferece uma visão sombria sobre um futuro distópico, e que tem um escopo maior que Matéria Escura, focando em uma história mais coletiva e oferecendo um mundo completo com suas próprias regras. Nesta história pós-apocalíptica com um toque steampunk, os últimos 10 mil sobreviventes da Terra vivem em um profundo silo subterrâneo, sendo guiados por regras rígidas e um sistema hierárquico que não só dita quem pode saber o quê, como parece tirar vantagem de trabalhadores.
Assim como Admirável Mundo Novo e Expresso do Amanhã, Silo combina tensão constante com narrativas de mistério, conspiração e regimes autoritários que exploram pessoas inocentes. Ao longo da série, a atriz Rebecca Ferguson impressiona como Juliette, uma engenheira determinada, que mesmo tendo consciência de que investigações anteriores levaram à duras consequências, quer descobrir a verdade por trás de uma série de mortes misteriosas — quando acaba encontrando respostas assustadoras sobre o mundo fora do silo. É mistério atrás de mistério, ou seja, difícil parar de assistir.
Fallout (2024)
Baseada em um famoso jogo de videogame, Fallout tem uma premissa bastante parecida com a de Silo, mas com uma pegada retrofuturista, que explora o mundo selvagem fora dos locais teoricamente seguros de um mundo distópico. Nesta série, o avanço tecnológico da 2ª Guerra Mundial trouxe consequências que levaram a um apocalipse nuclear. Duzentos anos depois deste colapso, as pessoas ricas que fugiram para luxuosos abrigos chamados de Safehouse são obrigadas a deixar estes bunkers e encarar uma realidade repleta de radiação e violência.
Como espectador, você entenderá mais sobre a história acompanhando três personagens principais: Lucy (Ella Purnell), moradora de uma Safehouse; Maximus (Aaron Moten), jovem soldado de uma facção paramilitar; e The Ghoul (Walton Goggins), um caçador de recompensas. Cada um deles apresenta um ponto de vista diferente sobre como lidar com dilemas morais e a própria sobrevivência em situações tão extremas. A série mistura humor e ficção científica em uma trama envolvente, lembrando produções como The 100 e Westworld.
Diários de um Robô-Assassino (2025)
Se você prefere histórias mais tecnológicas, ao invés de mundos distópicos como os de Silo e Fallout, quando o assunto é ficção científica, vai adorar Diários de Robô-Assassino, que traz uma premissa parecida, mas melhor desenvolvida do filme Free Guy. A produção une ficção científica e humor para apresentar Murderbot (Alexander Skarsgård), um andróide programado para proteger humanos que hackeia o sistema de sua própria consciência e se torna “livre”.
Equilibrando ação com uma jornada de descoberta pessoal bastante curiosa e emocionante, a série apresenta mais do protagonista com muito humor, mostrando seus dilemas robóticos, que consistem em passar o tempo assistindo novelas futuristas e questionando o propósito da vida, mas também ressaltando que grandes poderes que vêm com grandes responsabilidades: livre arbítrio e empatia. Com diálogos inteligentes, Diários de um Robô-Assassino explora de forma criativa a relação entre humanos e máquinas, abordando questões sobre autonomia, identidade e moralidade. Com um leve toque de drama e muito sarcasmo, a série fará você refletir com seus personagens cativantes.
Fundação (2021)
Se você quer assistir reflexões mais profundas que as de Diários de um Robô-Assassino, carregadas por política e filosofia, precisa conhecer Fundação, série baseada nos livros de Isaac Asimov, que é uma das mais clássicas e respeitadas obras da ficção científica. Nesta adaptação, o matemático Hari Seldon (Jared Harris) prevê a queda do Império Galáctico e o início de 30 mil anos de caos. Determinado a reduzir os danos desse colapso perigoso, ele cria um plano que se estende por gerações, envolvendo personagens em jornadas repletas de intrigas políticas, estratégias e descobertas surpreendentes — para o bem e para o mal.
Apesar de ter algumas diferenças entre a material original e adaptação, a série cumpre com a responsabilidade que tinha em mãos, passando para a tela uma história grandiosa, que mostra a importância das pessoas que lutam pela liberdade diante de regimes opressores. Os livros de Asimov são um marco no gênero, obras imperdíveis para quem curte histórias de escala épica e personagens bem construídos, além de terem servido como inspiração para diversas outras grandes produções, incluindo Star Wars e Duna, o que torna Fundação uma série obrigatória para os fãs dessas histórias.
Cyberpunk: Mercenários (2022)
Desta vez temos mais uma adaptação de videogame. Cyberpunk: Mercenários é uma série baseada no mundo do jogo Cyberpunk 2077, um famoso RPG situado em Night City, cidade em que tecnologia avançada e desigualdade andam de mãos dadas, favorecendo desde modificações corporais até o surgimento de hackers e corrupção em meio a letreiros neon. Ao longo dos episódios, acompanhamos David Martinez, um estudante habilidoso que toma a difícil decisão de se tornar mercenário para conseguir sobreviver.
A série se destaca por sua atmosfera imersiva, que combina ação intensa com reflexões sobre o impacto da tecnologia na sociedade, lembrando a mesma energia de Fallout, mas com uma abordagem mais urbana e futurista. Cyberpunk: Mercenários é perfeita para fãs de animação adulta e não requer que o público conheça o jogo na qual ela é baseada para curtir a história. Na mesma pegada de Arcane e Cowboy Bebop, o ponto forte do anime é a experiência visual e narrativa impressionantes que ele oferece, o que chama a atenção entre outras produções recentes de ficção científica.
Planeta dos Abutres (2023)
Com enredo inspirado no curta-metragem Scavengers, a série animada Planeta do Abutres traz a clássica temática espacial ligada ao gênero ficção científica, com um toque de terror. A trama acompanha a tripulação do cargueiro Demeter, que vai parar no desconhecido planeta Vesta após uma grande explosão solar. Inicialmente belo, o local esconde diversos perigos, e à medida que o grupo tenta entender como sair dali, cada integrante passa a refletir sobre o impacto deste novo lar em si mesmo.
A animação oferece uma construção de mundo impressionante, com o planeta Vesta revelando aos poucos seus ecossistemas e biologia complexos, que por si só já dão um show à parte — se você é fã de Planeta Selvagem ou Nausicaä do Vale do Vento, precisa dar uma chance. Os detalhes visuais e o desenvolvimento de personagens, lembram Cyberpunk: Mercenários, mas aqui o foco é mais aventureiro e menos urbano, sendo ideal para quem gosta de ficção científica voltada para a exploração espacial que apresenta os desafios pessoais e coletivos de sobreviver em meio ao desconhecido.
Andor (2022)
A série Andor é uma prequela que se passa cinco anos antes do filme Rogue One: Uma História Star Wars, mergulhando na trajetória inicial de Cassian Andor (Diego Luna) como espião e herói da Aliança Rebelde. Quando ainda não fazia ideia de qual era seu destino, ele embarca em uma jornada acompanhado do andróide K-2S0 (Alan Tudyk) após uma descoberta sombria: a dimensão e o poder do regime totalitário do Império. Não espere ver muitos sabres de luz ou truques mentais aqui, o que não é um demérito e nem mesmo faz falta, pois o tom de thriller político assume a história e entrega algo surpreendente.
Unindo ficção científica, espionagem política e suspense em um universo amado por milhares de fãs, Andor mostra não só o começo da trajetória do piloto, agente de inteligência da Aliança Rebelde e líder da Rogue One, mas também o impacto de um regime autoritário no dia a dia das pessoas e como pequenos atos de coragem podem mudar uma sociedade inteira. Entregando uma narrativa complexa, atuações impecáveis e um roteiro coerente do início ao fim, que equilibra a coletividade de Fundação com a tensão de Silo, a série reflete nos dias atuais, sendo capaz de causar um grande impacto positivo — além de ser ideal para quem curtiu Altered Carbon e Chernobyl.
Ruptura (2022)
Quais são os limites de lidar com a memória e a mente de alguém? Como um grande episódio de Black Mirror e mais atual do que nunca, Ruptura mostra como os funcionários de uma empresa misteriosa aceitam participar de um procedimento experimental no qual suas memórias pessoais são apagadas no trabalho e as do trabalho esquecidas assim que pisam fora dele. Afinal de contas, qual o problema de querer esquecer a vida pessoal para focar na carreira ou não pensar em trabalho ao chegar em casa?
No entanto, o que inicialmente parece uma ótima ideia, aos poucos se torna perigoso, revelando uma teia de segredos. Com atuações incríveis e críticas inteligentes à sociedade atual, Ruptura merece toda a sua popularidade pela forma dura como explora vigilância, privacidade e os limites (ou a falta deles) do controle de grandes corporações sobre seus funcionários. Com atuações impactantes e reviravoltas bem construídas, a série é ainda mais intimista e claustrofóbica que Andor ou Fundação, fazendo o público refletir sobre futuro e ética enquanto se sente sufocado junto com os personagens, um feito impressionante.