Desde sua estreia nos quadrinhos em 1938, Wandinha Addams transcende as páginas para se tornar um ícone absoluto da cultura pop. Ela é a própria essência do humor macabro e da ironia afiada que definem a Família Addams, uma figura sombria que, década após década, renasce em novas mídias.
Cada adaptação — das séries de TV clássicas aos filmes, passando por produções animadas — imprimiu suas próprias nuances à personagem, explorando diferentes facetas de seu fascínio gótico. Mas qual encarnação, afinal, melhor capturou o espírito singular da mais famosa (e letal) adolescente da escuridão?
Recentemente, a Netflix lançou mais uma temporada da série popular, Wandinha,que pela primeira vez focou na personagem amada. Neste ranking, investigamos todas as faces de Wandinha: da pioneira Lisa Loring à inesquecível Christina Ricci nos anos 1990, até a interpretação visceral e viral de Jenna Ortega na Netflix. Prepare-se para uma jornada pelo universo da família mais excêntrica, sinistra e irresistivelmente adorável do entretenimento.
7. Cindy Henderson - A Família Addams (1973)
Na curta vida da série animada de 1973, A Família Adams, Cindy Henderson emprestou sua voz a uma versão da personagem que pouco acrescentou ao seu legado. Sua interpretação, no entanto, manteve viva a presença da família Addams na cultura pop em um período de escassez de novas produções. Esta Wandinha cumpria o papel básico: vestia o tradicional vestido escuro e manifestava um interesse mórbido por elementos como aranhas e cemitérios.
No entanto, faltou a ela a centelha crucial de inteligência afiada e ironia sutil. A interpretação foi plana e carente da personalidade marcante que define a personagem, soando mais como uma caricatura do que uma encarnação genuína. Em um universo repleto de Wandinhas inesquecíveis, esta é, com razão, a mais facilmente esquecida.
A série animada de Contos da Cripta é bem parecida com essa adaptação, como uma animação com um pouco de "medo".
6. Debi Derryberry - A Família Addams (1992 - 1993)
Nos anos 90, a famosa voz de Jimmy Neutron, Debi Derryberry, deu vida à personagem em outra série animada, A Família Adams. Sua atuação, repleta de energia, conseguiu traduzir o humor macabro da personagem para uma linguagem perfeitamente acessível e cativante para o público infantil, uma tarefa nada simples. No entanto, o exagero cartoonizado dessa abordagem fez com que sua Wandinha perdesse a serenidade perturbadora e a ironia mortífera essenciais, tornando-a menos inteligente e mais caricata do que suas predecessoras.
Diferente da pioneira Lisa Loring, que estabeleceu a estética séria da personagem, ou da sutil Nicole Fugere, que manteve a tradição ao vivo, a versão de Derryberry optou por um caminho próprio de pura comédia infantil. É uma versão válida para introduzir crianças à família, mas falha em capturar a complexidade sombria que faz de Wandinha uma figura tão fascinante e atemporal quando comparada a interpretações mais profundas, como as de Christina Ricci e Jenna Ortega.
Fãs do clássico O Gato da Cartola vão adorar essa versão de uma Wandinha menos séria, afinal a criação do Dr. Seuss tem uma pegada mais surrealista e fantasiosa.
5. Lisa Loring - A Família Addams (1964 - 1966)
Colocar a original tão "baixo" no ranking pode parecer uma heresia, mas é um atestado de como a personagem evoluiu. Lisa Loring é a pedra fundamental, o arquétipo que estabeleceu o visual e as manias. Sua atuação doce e literal, com aquele olhar vazio e a voz monocórdica, criou o molde.
No entanto, vista com os olhos de hoje, sua Wandinha em A Família Addams é mais um esboço. Faltou a ela a camada de perigo intelectual e a sagacidade cínica que outras atrizes depois exploraram. Loring deu a forma, mas outras trariam a alma sombria e a profundidade. Sua importância é histórica e inquestionável, mas sua execução foi superada pelas sucessoras. Assim como na série Os Monstros, acompanhamos uma família “assustadora", mas que na realidade, rouba nosso coração.
4. Nicole Fugere - A Reunião da Família Addams (1998 - 1999)
No filme A Reunião da Família Addams e na série A Nova Família Addams, Nicole Fugere teve a difícil missão de suceder o fenômeno Christina Ricci. Fugere entendeu a tarefa: sua Wandinha é uma homenagem consciente à interpretação de Ricci, capturando a postura ereta, o olhar penetrante e o humor seco. Ela consegue entregar frases mortíferas com a entrega correta.
No entanto, falta à sua atuação o brilho de originalidade e a centelha de genialidade única. É uma ótima imitação, uma guardiã competente do legado, mas não uma inovadora. Ela manteve a chama acesa, mas não a fez queimar mais forte.
Se você é fã de Hocus Pocus, por exemplo, vai adorar a versão de Fugere: é a mesma vibe de bruxas “más", mas que você acaba se apaixonando.
3. Chloë Grace Moretz - A Família Addams (2019 - 2021)
Nos filmes animados de 2019, A Família Addams, e 2021, A Família Addams 2, Chloë Grace Moretz ofereceu uma interpretação vocal sólida e moderna. Sua Wandinha é inteligente, sarcástica e plenamente integrada à estética do século XXI, com um toque de "vibe teen" que a conecta com o público atual. Moretz equilibra bem a doçura superficial com a frieza interior, e sua química com a família é palpável. Quem curte animações do estilo Hotel Transilvania vai gostar da versão da Chloë Grace Moretz já que o filme tem uma atmosfera parecida: terror, animação e bons para assistir com crianças “corajosas".
Onde esta versão peca, porém, é na profundidade do horror. Ela é mais "descolada e gótica" do que genuinamente perturbadora. É uma excelente reinterpretação para uma nova geração, mas falta aquele último grau de intensidade sombria e ameaça implícita que eleva as melhores versões ao status de lenda, algo que Christina Ricci e outras conseguiram trazer em suas versões.
2. Jenna Ortega - Wandinha (2022 – atual)
Jenna Ortega não somente interpretou Wandinha; ela a criou para o século XXI em Wandinha. Sua atuação é um estudo de minimalismo e intensidade. Cada movimento é calculado – da caminhada robótica à expressão facial quase imutável, quebrada apenas por um sorriso sádico. Ortega injetou uma raiva adolescente contida e uma consciência social aguçada ("Não é por eu poder tolerar que devo fazê-lo"), tornando-a profundamente verossímil para o público moderno.
Ela é a versão mais autoral e visceral da personagem, um fenômeno cultural por direito próprio. A razão para não ocupar o primeiro lugar? Talvez pela própria modernidade: sua escuridão é mais psicológica e menos lúdica do que a da campeã, sacrificando um pouco do humor ácido puro em nome da profundidade dramática.
Neste caso, a indicação “óbvia” é: Os Fantasmas Ainda Se Divertem, afinal Ortega quase repete sua personagem, com a mesma vibe gótica.
1. Christina Ricci - A Família Addams (1991-1993)
Christina Ricci não é somente uma das Wandinhas; para uma geração inteira, ela é a Wandinha. Nos filmes dos anos 90, A Família Addams e A Família Addams 2, Ricci realizou a síntese perfeita. Ela pegou a doçura perturbadora de Loring e acrescentou camadas de inteligência afiada, sarcasmo letal e uma confiança absoluta em sua própria escuridão. Seu olhar era ao mesmo tempo, vazio e penetrante; suas falas, entregues com uma frieza mortal, eram comédias ácidas em miniatura. Ricci manteve o humor macabro essencial da personagem ("Essa é a Sala de Morte. Não entre sem avisar.") sem nunca se tornar uma caricatura. Ela era genuinamente assustadora e cativante ao mesmo tempo. Sua versão é o ponto de equilíbrio absoluto: tão sombria quanto a de Ortega, mas mais lúdica; tão icônica quanto a de Loring, mas infinitamente mais complexa. Fãs de Beetlejuice: Os Fantasmas Se Divertem, o original, vão gostar dessa versão, por mostrar a mesma atmosfera vintage do horror da década de 1980 e 1990.
Christina Ricci não interpretou Wandinha; ela consagrou o seu espírito na cultura pop, estabelecendo o padrão de ouro contra o qual todas as outras são, e sempre serão, medidas.




























































































