Desde seu surgimento em 1938, nos quadrinhos criados por Jerry Siegel e Joe Shuster, Superman tem sido, na maior parte do tempo, um símbolo de esperança, decência e amor pelo próximo. E não é diferente em Superman (2025), o filme mais recente do herói dirigido por James Gunn, que dá início ao novo universo cinematográfico da DC. A maior qualidade do super-herói interpretado por David Corenswet é, justamente, sua humanidade, mesmo que Kal-El tenha nascido em terras distantes.
No cinema, a história do personagem teve início com Superman e Os Homens-Toupeira (1951), com George Reeves no papel do super-herói. Ele seria seguido depois por Christopher Reeve em quatro produções, começando por Superman: O Filme (1978), Brandon Routh, em Superman: O Retorno (2006), e Henry Cavill, com três filmes, sendo o primeiro O Homem de Aço (2013), até chegar à nova versão, com David Corenswet.
Na nossa lista, você descobre como e onde assistir aos longas-metragens em ordem de lançamento:
1. Superman e os Homens-Toupeira (1951)
Lançado originalmente em 1951, Superman e Os Homens-Toupeira obviamente não tem os efeitos especiais sofisticados dos filmes mais recentes. Mas o primeiro longa-metragem do Superman com lançamento nos cinemas tem o charme das matinês de antigamente e menos de uma hora de duração. A produção independente em preto-e-branco dirigida por Lee Sholem, que serviu como piloto para a série de televisão As Aventuras de Superman, é uma boa introdução ao personagem na interpretação de George Reeves.
O filme captura o medo exagerado dos norte-americanos durante a Guerra Fria ao mostrar como a chegada de seres humanoides a uma pequena cidade, durante a exploração de um poço de petróleo profundo, causa terror na população. Na cidade para cobrir o evento, Clark Kent/Superman precisa combater o verdadeiro vilão, Benson (Jeff Corey), um sujeito que instiga os moradores a atacar as criaturinhas. “São homens como você que tornam difícil que as pessoas se entendam”, diz Superman. Na época, como hoje, o herói acredita no poder da união e da harmonia – e que ninguém deve ser julgado pela aparência ou origem.
2. Superman: O Filme (1978)
Sem nenhum desrespeito aos outros atores que encarnaram o personagem, Christopher Reeve é o maior dos Supermans – e dos Clark Kents. E ele prova isso em quatro longas-metragens, começando por Superman: O Filme. Ficou famosa a sequência de pouco mais de 2 minutos em que ele alterna entre Superman e Clark Kent em um encontro com Lois Lane (Margot Kidder), apenas com mudanças de postura e voz — os óculos são apenas um detalhe — algo que David Corenswet também conseguiu fazer em Superman (2025)
Além de Reeve, o filme dirigido por Richard Donner tem um elenco estelar, com Gene Hackman como Lex Luthor, Terence Stamp como o General Zod e Marlon Brando interpretando Jor-El. Fez história ao ser o primeiro longa-metragem baseado em quadrinhos a concorrer ao Oscar, nas categorias melhor som, montagem e trilha sonora, para a música inesquecível de John Williams. Também levou um Oscar especial para os efeitos visuais.
O curioso é notar como Superman: O Filme difere das produções de super-herói atuais. O filme demora para contar a origem do personagem e mostrá-lo em seu uniforme. Assim, faz com que tenhamos tempo para nos afeiçoar a ele, o que deixa o filme muito mais envolvente.
3. Superman II: A Aventura Continua (1980)
Superman II: A Aventura Continua foi rodado concomitantemente com o primeiro filme da série, mas perdeu o diretor Richard Donner, que foi substituído por Richard Lester. A troca não afetou a qualidade do longa lançado em 1980, que ganhou um tanto mais de humor, confiando no talento de seu ator principal, Christopher Reeve, bem como de outros nomes do elenco, como Gene Hackman.
É uma sequência que derruba o clichê de que elas nunca estão à altura do original, principalmente porque, apesar dos bons efeitos especiais, aposta mesmo nos personagens e nas relações entre eles, algo que muitas vezes falta nos filmes baseados em quadrinhos. Aqui, a relação entre Superman e Lois Lane e entre Clark Kent e Lois Lane é cheia de graça, fazendo com que a gente releve o fato de ela demorar tanto para ter certeza de que os dois homens de sua vida são, na verdade, um só.
Um detalhe importante é que Richard Donner supervisionou uma nova edição em 2006, Superman II: A Aventura Continua (Versão do Diretor). A versão de Donner é melhor em alguns aspectos e pior em outros, mas está mais alinhada com o tom do filme original, com menos momentos cômicos. De qualquer forma, é justo que o cineasta tenha tido a chance de mostrar algo mais próximo de sua visão, depois de ver seu projeto finalizado por outro diretor, podendo ser assistido antes ou depois da versão original dependendo do seu gosto.
4. Superman III (1983)
Novamente com direção de Richard Lester, mas sem nenhum envolvimento de Richard Donner, Superman III tenta ser mais engraçado. Eles chegam inclusive a recrutar Richard Pryor, um dos maiores comediantes de stand-up da história e astro de produções como Loucos de Dar Nó (1980). No roteiro escrito por David e Leslie Newman, Pryor interpreta Gus Gorman, um gênio da computação cooptado pelo megaempresário Ross Webster (Robert Vaughn) para ajudá-lo em seus planos de dominação, que envolvem, inclusive, acabar com o Superman (Christopher Reeve).
Mas o carisma de Pryor e o talento de Reeve não são suficientes para segurar o filme, que não funciona tão bem quanto os dois primeiros. Para piorar, não tem Lex Luthor nem Lois Lane, com Clark Kent se reconectando com Lana Lang (Annette O’Toole), que ele conhece desde os tempos de infância e adolescência em Smallville.
5. Superman IV: Em Busca da Paz (1987)
Despedida de Christopher Reeve do papel, Superman IV: Em Busca da Paz não faz jus ao ator, mesmo que ele tenha participado da criação do argumento, desenvolvido para roteiro por Lawrence Konner e Mark Rosenthal. O filme dirigido por Sidney J. Furie foi lançado em um momento de grande preocupação com a guerra nuclear, e isso se reflete na trama, em que Superman tenta livrar o mundo de armas desse tipo. Lex Luthor (Gene Hackman) dá um jeito de criar uma super-arma, o Homem Nuclear (Mark Pillow). A mensagem acaba tendo um destaque maior do que a trama, os personagens e a ação.
O desastre é quase completo, apesar da presença sempre carismática de Christopher Reeve. Serve mesmo só para dizer adeus ao ator nessa interpretação tão icônica. O filme não foi bem recebido e teve uma bilheteria aquém da expectativa. O super-herói só voltaria às telas quase 20 anos mais tarde. Quem quiser completar a lista vai gostar da curta duração de 1h30, fazendo desta uma aventura bem curta.
6. Superman: O Retorno (2006)
Se no cinema Superman ficou distante quase 20 anos, na trama de Superman: O Retorno, ele se ausentou por cinco. O super-herói volta com outra cara, embora Brandon Routh tenha semelhança física com Christopher Reeve, e sob nova direção, de Bryan Singer, vindo dos sucessos de X-Men: O Filme (2000) e X-Men 2 (2003). Lois Lane e Lex Luthor também ganham interpretações diferentes, de Kate Bosworth e Kevin Spacey, respectivamente. Mesmo assim, o longa funciona como continuação de Superman: O Filme e Superman II: A Aventura Continua, ignorando os outros dois filmes estrelados por Christopher Reeve.
Routh não chega a ter o charme ou o talento de Christopher Reeve, mas faz um Superman decente que se aproxima a Superman: O Filme e Superman II: A Aventura Continua, mesmo com diversas diferenças no elenco e no tom. Singer carrega nas emoções do personagem, que fica desolado ao saber que sua amada Lois Lane está casada e tem um filho. O cineasta também é competente nas cenas de ação – o filme inclusive concorreu ao Oscar de efeitos visuais. É uma adição bastante digna ao universo de Superman, especialmente depois do melancólico Superman IV: Em Busca da Paz. Mas, com uma bilheteria e uma direção narrativa consideradas decepcionantes, não teve continuidade.
7. O Homem de Aço (2013)
O Homem de Aço é um reboot de Superman no cinema, com Zack Snyder assumindo uma direção mais sombria, como na trilogia O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan. Batman, claro, é, em sua origem, sombrio, traumatizado, beirando a sociopatia. Superman, não. Ele é humanista, cheio de compaixão, segue um código moral e ético, traz esperança. E logo nesse primeiro filme em que o personagem é interpretado pelo inglês Henry Cavill, há pelo menos uma atitude bastante controversa do super-herói, pelo menos para os fãs das HQs. Ou seja, ele é um Superman muito diferente daqueles vividos por Christopher Reeve e Brandon Routh, que eram mais leves e não ultrapassavam certos limites, mesmo na hora de combater vilões como Lex Luthor e General Zod.
A frieza não é culpa do ator, mas da concepção do personagem. Superman, aqui, é quase uma divindade. Mas também é verdade que o super-herói participa de muito mais lutas e cenas de ação espetaculares, o que explica em boa parte a adoração dos fãs, principalmente aqueles que amam filmes de ação mais sombrios. Então, se você não liga muito para a personalidade clássica de Superman mostrada na tetralogia de Reeve e no filme dirigido por Singer e gosta mesmo é de pancadaria, esta é a versão ideal. Caso contrário, as chances de se irritar com a subversão da essência do personagem são grandes. Ainda assim, é o melhor filme de Snyder sobre o personagem, levando em conta as continuações indiretas em Batman vs. Superman: A Origem da Justiça e ambos filmes de Liga da Justiça.
8. Batman vs. Superman: A Origem da Justiça (2016)
O sucesso de O Homem de Aço garantiu uma sequência, Batman vs. Superman: A Origem da Justiça, lançado apenas três anos mais tarde. Zack Snyder carrega ainda mais no lado sombrio do Superman, na comparação com O Homem de Aço. Ele foge da personalidade clássica do super-herói e traz outros personagens da DC, como Batman (Ben Affleck), Mulher Maravilha (Gal Gadot), Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Ciborgue (Ray Fisher). Jesse Eisenberg aparece como Lex Luthor, que manipula Bruce Wayne/Batman para travar batalha contra o Superman, enquanto o governo tenta impedir o filho de Krypton de agir.
O problema é que, com tanta gente, Superman acaba sendo quase um coadjuvante, com Batman e Lex Luthor tendo mais destaque do que o Homem de Aço. Claro que o estilo grandiloquente de Zack Snyder tem seus fãs. Se você é um deles, vale apostar, mesmo que ele não dê ao Superman o espaço que deu em O Homem de Aço. Considerado confuso, o longa não atendeu às expectativas de bilheteria, ganhando uma versão definitiva do diretor com 31 minutos extras, ambos disponíveis na HBO Max.
9. Liga da Justiça (2017)
Liga da Justiça, que dá prosseguimento aos eventos de Batman vs. Superman: A Origem da Justiça, teve uma produção complicada, o que certamente contribuiu para o produto final ser um tanto disforme – mais ainda do que o filme anterior. Faltando rodar cerca de 20% das cenas, Snyder teve de se afastar para lidar com a morte de sua filha, com Joss Whedon assumindo a direção e a pós-produção, imprimindo um tom mais leve, embora o diretor original continue creditado.
Sai a grandiloquência de Snyder, entra uma atmosfera mais pop e bem-humorada, no estilo que Whedon imprimiu em Buffy: A Caça-Vampiros (2017) e até mesmo nos dois primeiros Vingadores, Os Vingadores: The Avengers (2012) e Vingadores: Era de Ultron (2015). Ou seja, com mais chances de agradar a quem curte o tom do diretor ou pelo menos quem prefere um filme de super-herói mais leve. Mas a verdade é que nada funciona muito bem, até porque os estilos de Snyder e Whedon não poderiam ser mais diferentes. O filme é um Frankenstein que destoa do resto do Universo Estendido DC. A produção não foi tão bem de bilheteria, e os fãs de Zack Snyder chiaram muito, lançando uma campanha para que o estúdio lançasse a versão do diretor.
10. Liga da Justiça de Zack Snyder (2021)
Devido à pressão popular, a Warner topou lançar a versão do diretor, Liga da Justiça de Zack Snyder, na então HBO Max, gastando US$ 70 milhões no processo. O filme tem o dobro da duração do anterior, e o cineasta rodou cenas adicionais — praticamente um outro filme.
A produção consegue destrinchar um pouco mais certos personagens, especialmente o Ciborgue, cujo ator, Ray Fisher, tinha reclamado do tratamento no set por Joss Whedon. O filme é bem diferente da produção lançada originalmente nos cinemas e realmente acabou sendo um pouco mais coesa, ou seja, realmente parece o trabalho de um único diretor, que conversa com o resto do DCEU. Mas, na verdade, só realmente quem é fã de Zack Snyder vai encarar na boa as mais de quatro horas de filme para ver a visão do diretor em sua integridade. A versão do diretor foi o último trabalho de Snyder para a DC e é uma carta de amor para os fãs deste universo criado pelo diretor.
11. Superman (2025)
Em 2022, James Gunn assinou com a DC para ser codiretor e co-CEO, ficando responsável por planejar o agora rebatizado Universo DC com o produtor Peter Safran. O primeiro filme, Superman, traz um Clark Kent/Superman um pouco mais jovem que o anterior, de Henry Cavill. Interpretado por David Corenswet, ele representa valores considerados ultrapassados no mundo de hoje, como verdade, justiça e humanidade.
Ou seja, Superman volta a ser o personagem concebido por Jerry Siegel e Joe Shuster. Ele é mais humano do que divino e, principalmente, é uma fonte de esperança para todos. Quando Superman não pode estar em certo lugar, ele inspira outros a fazerem seu papel. Quando um esquilo está em perigo, ele sai da rota para salvá-lo, porque todos os seres vivos, não importa sua espécie, merecem viver. É uma figura poderosa, clara e direta em tempos de tanta confusão e desesperança. É muito diferente, portanto, do Superman levado às telas por Zack Snyder em Homem de Aço, um personagem sempre em conflito interno, sem leveza nenhuma, que inspira mais terror do que confiança.
Corenswet passa uma certa pureza que casa bem com esta versão do personagem. Rachel Brosnahan e Nicholas Hoult, como Lois Lane e Lex Luthor, são parceiros ideais, apenas dando mais complexidade à trama. E Superman ainda tem personagens menos conhecidos e muito bacanas, como Sr. Incrível (Edi Gathegi) e Mulher-Gavião (Isabela Merced). Se você quer assistir a filmes que dão um quentinho no coração, mesmo sendo uma superprodução baseada em quadrinhos, é a pedida ideal. Já os fãs de Zack Snyder podem ficar um pouco irritados com o roteiro simples, com piadas mais bobas e um tom mais esperançoso.



































































































