Liam Neeson faz parte de uma lista seleta de atores que acumulam mais de cem papéis ao longo da carreira. Entre clássicos, thrillers de ação, comédias, ficções científicas e até filmes de super-heróis, o ator demonstra sua versatilidade, sempre de maneira inconfundível. Sua última empreitada, por exemplo, no reboot de Corra que a Polícia Vem Aí! (que já está disponível para aluguel em streaming) é mais uma prova de que ele convence em qualquer papel — inclusive interpretando um policial trapalhão.
Não importa se como protagonista ou coadjuvante, Liam Neeson sempre causa um grande impacto quando aparece na tela, sendo um dos poucos atores cujo nome está na ponta da língua da maioria dos espectadores. Em homenagem à sua carreira e ao seu novo trabalho, selecionamos alguns dos seus melhores filmes — ou aqueles que mais marcaram a sua extensa trajetória. Aproveite para conferir também onde assistir a eles em streaming.
1. A Lista de Schindler (1993)
Podemos chamar o primeiro filme da lista de um consenso, não? Afinal, A Lista de Schindler é o trabalho da vida de Liam Neeson. O filme de Steven Spielberg é conhecido como um dos mais impactantes quando o assunto é Segunda Guerra, e isso muito por conta da performance do ator no papel de Oskar Schindler — um industrial alemão que contribui para a salvação de um grupo de judeus.
Para falar a verdade, seu personagem passa por uma das maiores crises e conflitos internos já vistos no cinema, já que é apresentado como um empresário oportunista e termina o filme como uma espécie de salvador, conseguindo uma parcial redenção pelos seus atos. É, na minha visão, uma das performances mais sutis, transformadoras e emocionantes da história da sétima arte.
2. Silêncio (2016)
O fato de Silêncio (uma das três obras com temática religiosa de Martin Scorsese, ao lado de A Última Tentação de Cristo e Kundun), muitas vezes, não ser mencionado como um dos melhores filmes do diretor é, até hoje, um grande mistério para mim. Talvez a falta de apelo comercial do filme — vale recordar que sua história se passa no Japão do século XVII, quando dois padres jesuítas portugueses viajam à procura do seu mentor, em um país onde o catolicismo passou a ser perseguido — seja responsável por isso.
No entanto, não faremos a mesma injustiça na lista dos melhores filmes de Liam Neeson — que nessa obra-prima de Scorsese, interpreta o padre desaparecido. À semelhança de A Lista de Schindler, seu personagem também passa por uma crise, mas dessa vez, forçada pelos japoneses que exigem que o padre abdique da sua fé cristã. As consequências do violento ato de cessação da sua liberdade religiosa, são expostas através de cenas fortes e bastante carregadas, onde seu físico fragilizado traduz a sua morte interior. Simplesmente memorável.
3. Batman Begins (2005)
Para continuar nessa onda de ‘mestres’, chegamos em Batman Begins, onde Neeson interpreta Henri Ducard, o mentor filosófico e de artes marciais de Bruce Wayne. É evidente que não queremos entregar spoilers do filme, mas é preciso dizer que uma das grandes virtudes do ator foi conseguir transportar para a tela toda a dualidade (para dizer o mínimo) de uma figura tão surpreendente. Um personagem que se distingue dos seus papéis em A Lista de Schindler e Silêncio, principalmente no que diz respeito à transformação antagônica pela qual passa.
Na verdade, se formos analisar a fundo, Henri Ducard é o grande responsável por tudo o que acontece de positivo e também negativo na vida de Bruce Wayne após a convivência entre os dois. Fato que demonstra, novamente, o poder de Liam Neeson em interpretar figuras complexas cujas ações impactam diretamente no desenvolvimento de todo o enredo. Apesar de não ser o melhor filme da trilogia de Christopher Nolan (este título fica com Batman - O Cavaleiro Das Trevas), Batman Begins não deixa de ser uma excelente escolha para quem está à procura de um filme de super-herói mais adulto e com fortes atuações.
4. Busca Implacável (2008)
Já falamos bastante sobre o poder dramático do ator, direcionado para obras que exploram os dilemas morais e as transformações pelas quais passam os seus personagens. Agora, chegou a vez de abordar outras qualidades de Neeson, que afloram em Busca Implacável (filme que faz parte da franquia para os amantes de ação brutal de um homem só, como John Wick e Resgate). Uma obra menos sofisticada, cinematograficamente falando, que as anteriores desta lista, mas que tem um papel importantíssimo na carreira do ator.
Afinal, não seria loucura afirmar que se hoje Liam Neeson é considerado um dos grandes mestres do cinema de ação, é muito por conta desse longa, que o colocou no mapa como um ator fisicamente imponente, ao dar vida a um agente aposentado da CIA que volta à ativa. No quesito filmes ‘todos contra um’, com certeza, ele faz parte do olimpo. Afinal, o protagonista faz o possível (e o impossível) para tentar salvar a sua filha, não é mesmo?
5. Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma (1999)
Se Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma não fosse um dos filmes menos apelativos da saga, com certeza estaria em uma posição melhor nessa lista. No entanto, é preciso pontuar que tal fato não tem necessariamente relação com o mestre jedi, Qui-Gon Jinn (interpretado por Liam Neeson), uma das grandes atrações da obra.
A representação da trágica história de um personagem sábio e leal, apesar de breve, em apenas um filme, obteve um impacto gigantesco no futuro da saga, muito por conta da atuação de Neeson, que fez com que o legado do seu personagem permanecesse para sempre em Star Wars. Um personagem que tem um papel de mestre, assim como em Batman Begins, mas com a grande diferença de que não passa por uma transformação negativa ao longo do filme.
6. Os Miseráveis (1998)
Quando falamos das adaptações cinematográficas do maior clássico de Victor Hugo, normalmente vamos parar em Os Miseráveis de Tom Hooper, de 2012. No entanto, Os Miseráveis, de 1998, com Liam Neeson no papel de Jean Valjean, é, na minha visão, uma obra que merece ser lembrada. Na verdade, para aqueles que não apreciam tanto musicais, é uma escolha até mais acertada. Isso porque faz uma abordagem muito mais dramática e realista da história, sem inventar muitas firulas. Ocupa a sexta posição, apenas porque não é um filme tão vibrante quanto os anteriores do ranking.
Novamente, a qualidade do ator ao interpretar personagens que passam por transformações internas e externas é demonstrada de maneira magistral ao dar vida a um ex-presidiário que se torna prefeito. É realmente impressionante ver o quanto Neeson consegue abraçar a dualidade do protagonista, que além de ter duas identidades distintas, é um homem que passa por uma profunda e radical metamorfose (no sentido mais figurado do termo), e que assim como seu personagem em A Lista de Schindler, também busca sua redenção.
7. Michael Collins, o Preço da Liberdade (1996)
Para interpretar uma figura política com o peso do líder revolucionário Michael Collins, um dos grandes responsáveis pela independência da Irlanda, o escolhido não poderia ser outro, além do também irlandês, Liam Neeson — vale pontuar que o ator também tem cidadania britânica e norte-americana. Ao lado de A Lista de Schindler e Silêncio, são seus únicos papéis (da lista) baseados em pessoas reais. No entanto, por ser um filme esteticamente e narrativamente inferior que estes dois, Michael Collins, o Preço da Liberdade, aparece na sétima posição.
Nesta cinebiografia dirigida por Neil Jordan, que traz a mesma temática da obra-prima de Ken Loach, Ventos da Liberdade, Neeson impressiona com o grau de profundidade que consegue alcançar representando um homem que fará de tudo (literalmente) pelos seus ideais. Seu olhar, seus gestos e sua presença transbordam na tela de diferentes formas, seja por meio da violência — quando o personagem é colocado em situações limite — ou através de manifestações mais gentis — quando o mesmo interage com pessoas que ele ama. Um filme com uma importância histórica gigantesca e que complexifica (com o contributo de Liam) a figura do revolucionário irlandês.
8. Darkman: Vingança sem Rosto (1990)
Está bem, já percebemos que Liam Neeson interpreta como ninguém personagens ambíguos, mas em Darkman: Vingança sem Rosto, essa virtude é levada ao extremo — de uma forma até meio exagerada. Afinal, como pode alguém passar de um cientista indefeso para um anti-herói vingativo e atormentado?
É claro que o acidente causado pelo vilão do filme explica essa transformação, mas vamos nos centrar apenas na aptidão do ator em também dar vida a uma figura monstruosa, como é o caso do desfigurado Darkman. Talvez seja seu olhar, ou a sua maneira de andar pelas sombras, que faz com que, mesmo quando interpreta um homem ‘sem rosto’, Neeson continue provocando identificação. Uma espécie de magia que apenas os grandes atores detém.
9. A Perseguição (2011)
Voltamos para um Liam Neeson mais físico, como em Busca Implacável, mas dessa vez, com uma história bem diferente (e não tão grandiosa), que acompanha seu personagem lutando pela sua sobrevivência contra uma matilha de lobos. Sim, chega de vilões e criminosos altamente armados. Agora, o maior desafio do protagonista é conseguir sobreviver no Alasca profundo, ao mesmo tempo em que é perseguido por animais selvagens.
Convenhamos, um filme que, pela premissa, pode não gerar tanto interesse. Mas é preciso dizer que sua abordagem homem versus natureza (que até lembra O Regresso), surpreende bastante. Uma obra verdadeiramente assustadora e agonizante, que nos coloca na mente de um protagonista que passa por diversas situações extremas (tanto fisicamente quanto psicologicamente). Apesar de não ser um filme espetacular, A Perseguição é mais um longa que demonstra a distinta habilidade física do ator.
10. Corra que a Polícia Vem Aí! (2025)
Algo nos diz que falta um gênero de filmes para compor o top 10 da versátil carreira de Liam Neeson. Acredite, o ator também sempre se deu muito bem em longas de comédia — principalmente no último reboot do clássico Corra que a Polícia Vem Aí!, um filme completamente diferente de todos que já abordamos nessa lista.
Interpretando o filho do memorável Tenente Frank Drebin, Neeson entrega uma performance que há tempos não é vista em uma comédia com elementos mais pastelão — apesar de ter também ótimas sequências de ação e suspense. Para quem é fã dos filmes anteriores, com certeza ficará surpreso (positivamente) com o tom cômico impecável do ator, em uma obra que considero (por enquanto) uma das mais engraçadas do ano.



































































































