É praticamente impossível pensar no Brasil e não pensar em música. Ela está em nossas celebrações, nas ruas e, é claro, no cinema! Nosso país tem um rico repertório de artistas que vão do samba ao rock, passando também por MPB, sertanejo, rap, entre outros gêneros musicais que marcaram e ainda marcam diferentes gerações. As histórias de muitos desses estilos e dos cantores por trás deles se tornaram cinebiografias que exploram diferentes lados de cada músico.
Depois de fazer sucesso nos cinemas brasileiros, chegou aos serviços de streaming Homem com H, que conta com delicadeza e honestidade a história de vida do cantor Ney Matogrosso, um dos grandes artistas dos anos 1970. O longa contou com mais de 600 mil espectadores nas telonas e faturou mais de R$ 13 milhões em bilheteria, provas de como o público se emocionou com a produção, incentivando outras pessoas a assistirem ao filme.
Nesta lista da JustWatch, saiba mais sobre Homem com H e outros 9 dos melhores filmes sobre cantores e cantoras brasileiros para você descobrir mais sobre a vida de cada um deles e saber em quais serviços de streaming assistir a cada sugestão.
Homem com H (2025)
Dirigida por Esmir Filho, Homem com H é mais do que uma cinebiografia, é uma jornada sensível e política pela vida de Ney Matogrosso, que aborda diversos momentos da vida do artista. Partindo da juventude sofrida nas mãos do pai, e passando pela trajetória do grupo Secos & Molhados até a carreira solo, o filme conta com cenas lindas e poéticas que exploram os amores da vida de Ney e a forma como ele enxerga a si mesmo — tudo isso abordando com responsabilidade outros temas importantes, como a censura durante a ditadura militar brasileira e a epidemia da Aids que marcou os anos 1980 e 1990.
Quem quiser cantar junto, pode preparar a garganta, pois clássicos como Sangue Latino, Homem com H, O Vira, Pro Dia Nascer Feliz, entre outros, aparecem na voz original de Ney, já que o ator que o interpreta, Jesuíta Barbosa, canta apenas Rosa de Hiroshima no filme. No entanto, este fato não diminui em nada a forma brilhante como Barbosa atuou, captando muito bem os movimentos característicos de Ney e impressionando público e crítica. O filme é imprescindível para entender o impacto cultural de Ney no Brasil e na comunidade LGBTQIAP+, e para quem curtiu cinebiografias como Bohemian Rhapsody, do artista Freddie Mercury.
Cazuza: O Tempo Não Pára (2004)
Carregando a mesma urgência e intensidade de Homem com H e dirigida por Sandra Werneck e Walter Carvalho, Cazuza: O Tempo Não Pára, é uma cinebiografia apaixonada e cheia de energia para quem viveu nos anos 80 ou quer entender o motivo pelo qual Cazuza ainda ecoa em gerações mais novas. Aqui, o público acompanha detalhes da vida de Agenor Miranda de Araújo Neto, artista que marcou incontáveis jovens nos anos 1980, e que é interpretado de forma interessante e enérgica por Daniel de Oliveira.
O filme aborda a relação do cantor com o pai, João Araújo (Reginaldo Faria), empresário fundador da gravadora Som Livre, a passagem pela banda Barão Vermelho, a carreira solo, tudo isso enquanto capta também as atitudes rebeldes de Cazuza, cujas letras representavam muito do que a juventude da época pensava. Profunda na alegria e na tristeza, a produção é capaz de emocionar qualquer um ao relembrar como o artista insistiu em seguir se apresentando mesmo já debilitado pela Aids. A atriz Marieta Severo, que interpreta Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, também é um dos destaques da produção. E para ver mais de Cazuza em tela, Bete Balanço, filme baseado na música homônima do Barão Vermelho, é outra boa sugestão.
Maysa: Quando Fala o Coração (2009)
Aclamada por fãs e pela crítica em seu lançamento, e com razão, Maysa: Quando Fala o Coração é uma minissérie emocionalmente intensa, que realmente merece toda essa atenção. Posteriormente adaptada para filme de televisão, a história escrita por Manoel Carlos, acompanha a jornada da cantora brasileira Maysa Figueira Monjardim, interpretada de forma brilhante pela atriz Larissa Maciel, que consegue capturar com delicadeza o magnetismo e a dor da cantora.
A artista era conhecida por sua voz incrível e personalidade marcante, enquanto sua vida pessoal foi marcada por relacionamentos com altos e baixos e uma difícil relação com o único filho, Jayme Monjardim. Enquanto Homem com H tem uma estrutura comum de cinebiografia, mas destaca pontos mais artísticos e diferentes, a dramatização da vida de Maysa é 100% convencional, mas ainda assim a obra cumpre bem com a missão de transportar a vida real para as telas. É uma ótima escolha para quem deseja conhecer Maysa para além de sua poderosa voz, ou até mesmo para quem curtiu Coisa Mais Linda e quer ver mais sobre a vida das mulheres brasileiras a partir dos anos 1950.
Mussum, o Filmis (2023)
Um ótimo complemento do documentário Mussum, Um filme do Cacildis, o longa Mussum, o Filmis é uma cinebiografia diferente de muitas outras, bastante guiada pelo humor inerente ao seu protagonista, e que traz um belo retrato da jornada de Antônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como Mussum, interpretado por Ailton Graça. E apesar de divertido, o filme faz um ótimo trabalho em apresentar de forma surpreendentemente sensível a vida de um artista muito lembrado pela comédia.
Com direção de Silvio Guindane, o filme baseado no livro Mussum - uma história de Humor e Samba, de Juliano Barreto, apresenta partes da história do humorista, ator e cantor, que o público ainda não conhecia, revelando nuances sobre a fundação do grupo musical Os Originais do Samba e a entrada de Mussum no quarteto Os Trapalhões, onde contracenava com Didi (Gero Camilo), Dedé (Felipe Rocha) e Zacarias (Gustavo Nader). Há bastante equilíbrio entre momentos cômicos e de dor e superação, e de quebra o público ainda ganha uma aula de história sobre samba, televisão e cultura popular.
Tim Maia (2013)
Baseada no livro Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, escrito pelo jornalista e amigo de Tim, Nelson Motta, Tim Maia é uma cinebiografia densa, musicalmente irresistível, que tem Babu Santana e Robson Nunes dividindo o papel do cantor em diferentes fases da vida. Dirigido por Mauro Lima, o filme mostra a linha do tempo da vida do artista que marcou o Brasil com sucessos como Gostava Tanto de Você, O Descobridor dos Sete Mares, Não Quero Dinheiro e Que Beleza. Enquanto Cazuza aposta em um tom mais trágico e Mussum, o Filmis equilibra drama e comédia, a obra sobre Tim se mantém irreverente como o artista que retrata.
Navegando por diferentes momentos da vida de Tim, como a infância difícil, o início de sua carreira como cantor, o sucesso de seu talento único, a ida e o retorno dos Estados Unidos, seus amores e a forma como levava a vida, o filme acerta em nem sempre se manter preso à ordem cronológica dos fatos. E nem é preciso falar sobre a trilha sonora, não é mesmo? Ouvir a voz de Tim já é motivo suficiente para assistir ao filme, que funciona como um bom complemento para a minissérie documental Vale Tudo com Tim Maia.
2 Filhos de Francisco (2005)
Ideal para quem gostou de As Aventuras de José e Durval, 2 Filhos de Francisco é um filme emocionante do mesmo diretor de Gonzaga, com um apelo universal, abordando temas como sonhos, fé e sacrifício, que revela a origem de Zezé di Camargo (Márcio Kieling) e Luciano (Thiago Mendonça), filhos de Francisco Camargo (Ângelo Antônio), um lavrador que insistiu no sonho de ver dois de seus filhos se tornando uma dupla sertaneja.
O longa mostra o início da vida de Zezé, cujo potencial é visto pelo pai, o acidente que abalou a família e a forma como Luciano se juntou ao irmão para formar uma dupla de sucesso. O filme tocou o público na época do lançamento, arrecadando R$34 milhões em ingressos ao apresentar atuações profundas e recriar com carinho estes e outros momentos de bastidores dos cantores. Mesmo que não é fã de sertanejo ou da dupla, vai se emocionar.
Meu Nome é Gal (2023)
Se você curtiu o documentário Tropicália, vai adorar descobrir mais sobre Gal Costa em Meu Nome é Gal, que traz a atriz Sophie Charlotte no papel da cantora, um dos maiores talentos que o Brasil já viu na música, e a homenageia com beleza e respeito, embora não dê conta de representar toda a sua complexidade — o que não é motivo para não assistir ao filme.
Assim como Maysa, o longa dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi, revela mais sobre a vida de uma mulher que mudou a música no Brasil, a inicialmente tímida Maria da Graça Costa Penna Burgos, que aos poucos se tornou musa de um movimento. Para fãs de MPB, o filme funciona como uma introdução carinhosa sobre a artista, cuja carreira foi muito incentivada por seus amigos Caetano Veloso (Rodrigo Lélis), Gilberto Gil (Dan Ferreira) e Dedé Gadelha (Camila Márdila). É difícil representar uma vida inteira em 90 minutos, mas o filme é uma ótima homenagem à cantora e à sua coragem.
Gonzaga - De Pai pra Filho (2012)
Ideal para quem quer assistir o recente Luiz Gonzaga: Légua Tirana, que foca na infância de um dos maiores artistas do Brasil, Luiz Gonzaga, Gonzaga - De Pai pra Filho apresenta uma história potente, marcada pelo amor e pela distância na mesma proporção, que aborda de forma única temas como reconciliação familiar e legado — de forma semelhante a 2 Filhos de Francisco, reforçando o peso da família e dos laços afetivos como motores da música.
O filme dirigido por Breno Silveira conta a história do sanfoneiro Luiz Gonzaga (Chambinho do Acordeon, Land Vieira e Adelio Lima), e de sua relação com seu filho, Gonzaguinha (Júlio Andrade e Giancarlo Di Tommaso), cuja personalidade é moldada na ausência do pai. Com atuações comoventes, o longa é ideal para quem adora narrativas familiares com carga emocional e espaço para perdão, e emociona ao mostrar duas gerações que transformaram o cenário musical brasileiro, além de ser um prato cheio para quem ama forró, xote e xaxado.
Legalize Já - Amizade Nunca Morre (2018)
Legalize Já - Amizade Nunca Morre é um filme importante, que assim como Homem com H e Cazuza, mostra como a música é uma ferramenta de resistência na sociedade, mas aqui somos apresentados a um contexto mais urbano e rebelde. Aqui, os diretores Johnny Araújo e Gustavo Bonafé contam a história de origem do grupo de rap rock Planet Hemp, formado originalmente por Skunk, Marcelo D2, Rafael, Formigão e Bacalhau, e que marcou uma grande geração de jovens nos anos 1990.
O filme mostra a história de Skunk (Ícaro Silva), um jovem músico revoltado com o racismo e outras formas de opressão presentes em sua vida, que um dia ao fugir da polícia conhece Marcelo (Renato Góes), um vendedor de camisetas de bandas de heavy metal. É muito bonito ver como a dupla descobre que compartilha o mesmo gosto musical, o que motiva a formação da banda cujas letras politizadas e provocativas conscientizaram muitos, e incomodaram tantos outros. Autêntica, a produção é essencial para fãs de rap, rock e dos documentários Chorão: Marginal Alado e Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo.
Elis (2015)
Considerada uma das melhores artistas do Brasil, Elis Regina foi vivida por Andréia Horta no cinema, cuja semelhança com a cantora certamente ajuda a entrar no clima do filme Elis, e torna a cinebiografia em uma produção bastante interessante. Dirigido por Hugo Prata, o longa acompanha a vida de Elis, que deixou o Rio Grande do Sul para alcançar voos mais altos na música, indo até o Rio de Janeiro.
O filme traz detalhes que marcaram a carreira dela, como seu talento, relacionamentos, críticas sobre a ditadura e altos e baixos. Andréia Horta canta ao longo do filme, e chama a atenção em diversas músicas, como em O Bêbado e a Equilibrista e Atrás da Porta. O longa acerta em compor a ambientação dos anos 1960 e 1970, tornando-se imperdível para fãs de MPB e um ótimo ponto de partida para quem não conhece Elis, mas retrata a artista, conhecida como “Pimentinha” de forma muito suave, o que faz com que o documentário Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você seja um ótimo complemento.




























































































